Enquanto ferramenta de estudo e desenvolvimento que se baseia na experiência do usuário, o UX precisa ter aceso o alerta sobre acessibilidade como relação essencial atualmente.
Para clarear melhor sobre o assunto, acompanhe esse Guia Prático que vai trazer algumas ferramentas e dicas para projetar com acessibilidade.
Falar sobre acessibilidade é abordar uma condição fundamental a todo e qualquer processo de inclusão, que impacta e se estende muito além das interfaces digitais.
Tornar uma ferramenta acessível tem por conceito transpor os entraves que representam barreiras, sejam elas de origem técnica, visual, física ou cognitiva, promovendo a efetiva participação de todas as pessoas na realização de uma atividade, utilização de um produto ou serviço, bem como nos diversos âmbitos da vida social, como educação, transporte, mobilidade, arte, desenvolvimento profissional, entre outros.
No design, temos a falsa impressão de que o conceito de acessibilidade apenas é necessário quando envolve pessoas com alguma deficiência.
Mas a realidade é que um design se torna mais completo quando pode ser utilizado por qualquer usuário, em qualquer lugar e a qualquer momento.
Alguns recursos projetados para ajudar pessoas com alguma deficiência geralmente também ajudam outras pessoas. Como por exemplo as legendas nos vídeos de redes sociais que tem como principal função ajudar pessoas com dificuldades auditivas, mas também podem facilitar a navegação daquele usuário que está rolando o feed com o som desligado.
Quando priorizamos a acessibilidade como um parâmetro essencial, não estamos somente promovendo a inclusão, mas também estamos gerando valor e beneficiando todos os usuários.
Antes de falarmos sobre ferramentas e processos para promover um design acessível, precisamos nos aprofundar em algumas definições que podem nos ajudar a compreender melhor as reais necessidades dos usuários para os quais estamos projetando uma solução.
Uma das principais diferenças que precisamos entender está entre os conceitos de Igualdade e Equidade.
O objetivo de ambos os conceitos é o mesmo: promover justiça de oportunidades.
Entretanto, a forma como esse objetivo é alcançado varia com uma distinção fundamental:
Quando focamos na equidade, reconhecemos a diversidade de contextos, particularidades, dores e necessidades de cada grupo e podemos, a partir disso, alocar os recursos necessários para atingir o potencial máximo da ferramenta que estamos desenvolvendo.
No design, existem alguns processos que envolvem o mesmo objetivo de incluir e promover oportunidades, mas que também funcionam de formas diferentes:
Método que visa abordar os princípios do design padrão para incluir o maior número de pessoas de todas as idades e habilidades, criando uma solução única que não atende às necessidades específicas de qualquer deficiência em particular.
O design universal aborda questões de usabilidade e tem a intenção de ser inclusivo, utilizando princípios como flexibilidade, simplicidade e tolerância aos possíveis erros.
Mas tudo isso sem acomodar diferentes necessidades, podendo ser comparado às vestimentas de “tamanho único”, onde a ideia é possuir um único formato que deveria servir a todos, mas sabemos que isso não acontece efetivamente.
Considera aspectos culturais, sociais, habilidades, raça, status econômico, linguagem, idade, gênero, entre outras necessidades.
O design inclusivo desenvolve produtos com o princípio de que solucionar um problema para um determinado grupo pode estender os benefícios para muitos outros.
Usabilidade e acessibilidade são alguns dos princípios do design inclusivo, que pode abrir o alcance da empresa para outros mercados, conforme recursos são desenvolvidos e soluções são criadas.
Essa abordagem inclui levar o design inclusivo um passo à frente.
O método envolve projetar propositalmente para grupos historicamente excluídos, ignorados, marginalizados ou sem representatividade na indústria, visando adequar a solução diretamente para suas necessidades específicas.
Um design equitativo entende que oportunidades iguais não acontecem por acaso, mas sim com muita intenção e foco, e isso pode ser alcançado através de reflexões como: que grupos não foram observados por este tipo de produto no passado?
Considerando esses aspectos, é possível construir produtos ao mesmo tempo acessíveis e justos para todas as pessoas.
E para isso é preciso priorizar, testar, observar e incluir todos os conjuntos de seres humanos sub-representados pela nossa sociedade.
Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com alguma deficiência, seja ela de qualquer nível ou origem e isso também pode limitar ou impedir seu engajamento com a tecnologia.
Embora as restrições sejam variáveis, algumas implicações de design podem ser similares.
Podemos contornar essas limitações e intensificar nossa percepção em torno da acessibilidade validando as suposições que temos sobre os usuários com o objetivo de estreitar nosso entendimento sobre seus problemas e necessidades e encaminhar nossas soluções para um público muito mais amplo.
Para isso, é importante considerar alguns aspectos e necessidades, como exemplo:
Usuários com condições como miopia, daltonismo, epilepsia ou pessoas cegas podem ter dificuldades com:
Deficiências e limitações físicas, falta de força ou convulsões e espasmos podem dificultar atividades como:
Com diferentes níveis de severidade, incluindo perda total da audição, os usuários com limitações auditivas podem ter problemas com:
Usuários com dislexia, dificuldade de aprendizado ou autismo podem ter dificuldades com:
“Todo mundo tem uma deficiência em algum momento ou outro, seja com um braço quebrado, grávida, sendo criança ou sendo mais velho.” (Michael Nesmith, Designer de Acessibilidade da Amazon)
Não podemos esquecer de avaliar as limitações que envolvem aspectos culturais, sociais, habilidades, raça, status econômico, linguagem, idade, gênero, lesões permanentes, ou restrições físicas/psicológicas circunstanciais que podem dificultar o acesso à tecnologia, como por exemplo:
Dispositivos: Usuários com celulares antigos que precisam carregar web;
Toda semana, milhões de pessoas acessam a internet pela primeira vez.
Portanto, os produtos e serviços devem ter seu desenvolvimento centrado nesses usuários com a diretriz de fornecer uma boa experiência para todos.
A Google tem feito um trabalho intensivo de pesquisa ao redor do mundo para entender melhor as percepções, dores e necessidades desses usuários com a tecnologia, a fim de construir produtos que garantam o acesso à informação sem restrições.
É importante entender que novos usuários podem ter um status econômico limitado, falta de formação educacional e podem viver em áreas menos desenvolvidas, sendo expostos a um acesso tecnológico restrito e com menos confiança ao manusear dispositivos.
Segundo WCAG 2.0 (Web Content Accessibility Guideline), podemos utilizar algumas abordagens para tornar conteúdo acessível, sobretudo torná-lo:
Uma boa usabilidade também é fundamental para auxiliar não somente usuários com deficiências e limitações mas também, para tornar a experiência de todos os usuários mais assertiva, operável, agradável, útil e acessível.
Um bom conjunto de práticas para melhorar a usabilidade e promover uma boa experiência está compilado nas 10 Heurísticas de Nielsen, ou princípios gerais para o design de interação.
A acessibilidade para produtos digitais já não é mais um diferencial competitivo, mas sim um fator fundamental que pode afetar diretamente no sucesso de um produto ou negócio.
A inclusão digital também já está prevista na LBI (Lei Brasileira de Inclusão) de 2016 e no Decreto nº6949 de 2009.
Tais normativas surgiram como forma de evitar barreiras tecnológicas, que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias.
Além disso, o algoritmo do Google, por exemplo, leva em consideração alguns fatores referentes à acessibilidade digital para colocar determinado produto em posição de relevância nas pesquisas.
Destacamos algumas estratégias e recomendações que podemos adotar para construir uma mentalidade voltada para produtos digitais acessíveis.
Isso em todas as etapas de concepção, visando contornar algumas das principais dificuldades e naturalmente implementar produtos cada vez mais inclusivos.
Participe de meetups sobre acessibilidade com profissionais que tratam de regiões ou temáticas específicas para conhecer melhor os diferentes usuários e suas possíveis necessidades.
Existem comunidades online que trabalham especificamente para garantir a acessibilidade em diferentes dispositivos e sites.
Alguns grupos podem ajudar com consultorias online, como o Movimento Web para todos e o serviço de tecnologia assistiva da Universidade de Washington.
Explore diferentes etnias, estilos, habilidades físicas e classes sociais para elaborar personas e representar usuários em ilustrações e imagens.
Tenha atenção aos detalhes: você pode ilustrar uma pessoa canhota, por exemplo, e se certificar de que essa característica não interfira na boa usabilidade do produto.
Inclua participantes com dificuldades nas personas, pesquisas e testes de usabilidade.
ONGs e comunidades locais podem ajudar com essa ponte. Além disso:
Alguns usuários precisam de ajuda para realizar atividades que exigem input de dados privados, como pagar contas e criar contas, por exemplo.
Deixe-os confortáveis para dividir informações pessoais dando mais transparência às opções de privacidade.
Valide se o conteúdo está publicado diretamente no HTML para permitir que a tecnologia assistiva interprete corretamente as informações necessárias para adaptação e transcrição de conteúdo.
Algumas ferramentas podem ajudar nesse processo:
Ajuda a validar a linguagem para encontrar erros que podem impedir que leitores de texto traduzam o conteúdo.
ARIA é uma especificação que significa “Accessible Rich Internet Applications”, que aprimora os atributos do HTML para facilitar o escaneamento de textos.
Os testes e plugins verificam a acessibilidade do seu site, comparando com um banco de dados e com diretrizes baseadas na WCAG.
Dessa forma se obtém uma classificação de acessibilidade que facilita o contorno de possíveis erros.
Outras ferramentas que ajudam a testar: Site improve, Ases web e Wave.
Reconheça que alguns usuários podem ter dispositivos mais velhos e com tecnologia limitada de armazenamento e/ou acesso a internet e:
Algumas pessoas podem ter dificuldades para utilizar o mouse e precisam de ferramentas que exijam um baixo esforço físico. Para isso:
Também conhecidas como 1ª e 5ª Heurísticas de Nielsen: previna os possíveis erros de navegação e forneça ajuda para fazer e desfazer ações.
Mantenha um layout simples, consistente, linear e lógico para auxiliar leituras dinâmicas e pessoas com dificuldades cognitivas e elimine complexidades desnecessárias.
Busque utilizar bons contrastes e cores simples para a identidade visual de seu produto e considere permitir a alteração de contraste entre fundo e texto.
Além disso, cores podem carregar significados diferentes para diferentes culturas, portanto pesquise e teste bastante antes de lançar seu produto.
Linguagem
Formatação
Links
Existem muitas ferramentas disponíveis no mercado para auxiliar na elaboração de design inclusivo.
Busque sempre desenhar páginas leves, com rápido carregamento e informe-se sobre as atualizações de ferramentas para utilizar sempre que possível.
Algumas ferramentas disponíveis são:
Elencamos uma série de estratégias para ajudar a pensar seu projeto em relação à acessibilidade, mas você não precisa engessar essa lista!
O caminho ideal envolve entender o problema que precisa ser resolvido, pesquisar e entender os usuários afetados por este problema e utilizar as melhores ferramentas disponíveis para cada ponto que precisa ser validado.
Isso pode incluir estratégias de negócio, frameworks de design, tempo e esforço de desenvolvimento e custo, bem como outros fatores que precisam ser colocados dentro do seu planejamento.
Portanto, pesquise, participe de eventos e se informe a respeito desse tema!
Um design inclusivo pode abrir portas importantíssimas para que usuários ao redor do mundo tenham participação no desenvolvimento das tecnologias que os circundam.
Ao projetar de forma acessível, tomando decisões intencionais e contextualizadas, podemos empoderar pessoas a viver de forma mais independente, afinal, o acesso à tecnologia deve estar disponível para todos.
Alguns canais que podem ajudar:
https://design.google/library/designing-global-accessibility-part-1/
https://www.interaction-design.org/literature/article/10-principles-of-accessibility
https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/social-model-of-disability
Na Accurate, todos os projetos têm em suas ações um design centrado no usuário, garantindo não só a sua qualidade, como eficiência.
Venha ser um talento na Accurate e fazer parte desse desenvolvimento, acesse a nossa página de carreiras e veja as vagas disponíveis.
Não deixe também de acompanhar o Blog da Accurate e compartilhar esse conteúdo com seus amigos.
Nos acompanhe também nas Redes Sociais! Tem sempre conteúdo novo por lá: Facebook, Instagram, Twitter, Linkedin e YouTube.
Artigo escrito por: Evelyn Matos e Karoline Benatti.
A transformação digital acelerou a necessidade de inovação em Tecnologia da Informação (TI). No ambiente…
O desenvolvimento de FAQBots inteligentes é uma solução que vem ganhando espaço, permitindo que…
O avanço da Inteligência Artificial (IA) está remodelando a maneira como empresas conduzem suas…
Adotar uma estratégia multicloud para redução de custos é essencial para empresas que buscam…
No cenário atual, onde a transformação digital não é mais uma opção, mas uma necessidade,…
O comércio eletrônico tem evoluído de maneira acelerada nas últimas décadas, e estamos agora às…